Carta aberta / aos velhos e novos candidatos aos órgãos sociais
Sindicato Bancários do Norte
Caro(a) colega,
Permita-me antes de mais que lhe dirija as minhas saudações sindicais,
Como é do seu conhecimento, encontram-se agendadas para o próximo dia 20 de abril eleições para os órgãos sociais do Sindicato dos Bancários do Norte. Aproveito a oportunidade desde já para agradecer (as) aos trabalhadores do nosso sindicato o seu desempenho e brio profissional diário em prol da classe.
Permita-me, por favor, uma breve apresentação:
Chamo-me Mário Alves, sou bancário e tenho 55 anos de idade. Aos 35 anos de idade, após uma candidatura independente à Comissão Sindical de Empresa, fui convidado a integrar o Secretariado da TSS e o Conselho Geral durante a presidência TS para o mandato de 2000/2004de Adriano Venceslau.
Depois de um afastamento de quase dez anos, e atendendo ao rumo traçado pela coligação TSS, TSD e TIDC para o nosso sindicato, fui cofundador do Movimento dos Bancários do Norte, mais tarde Bancários de Portugal, eleito por dois mandatos sucessivos para o Conselho Geral 2009 pelo Movimento dos
Bancários do Norte e2017, Bancários de Portugal onde permaneci até outubro de 2015, com total independência política e sindical.
Do descrédito à desconfiança nos velhos e novos dirigentes sindicais.
O descrédito e desconfiança nos velhos dirigentes deriva da falta de independência política e sindical que ao longo dos últimos trinta anos tem servido de escola aos novos dirigentes sindicais, cujo processo de descrédito teve início durante o mandato de Manuel António, com alguns momentos notáveis:
1 - Empurrou os bancários para uma greve depois de ter assinado o acordo com os patrões.
2 - Deram-se os primeiros passos sem qualquer oposição para a criação do Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários - SNQTB, pois muitos entendiam que este era um nado-morto.
3- Aquisição da Quinta de Pais em Braga, provocando um enorme rombo nas finanças do SBN.
O ciclo de coligações iniciado em 2004 com "Mário Mourão TSS, Alfredo Correia TSD e Paulo Coutinho TIDC", e que agora encerra, ficará conhecido como o mais negro da história do SBN, devido à incompetência sindical de muitos dos eleitos. Tal como disse Mário Mourão (Presidente do SBN) num dos
Conselhos Gerais "muitos vêm para o sindicalismo para fugirem a processos disciplinares", referindo-se aos eleitos da coligação "TSS, TSD e TIDC".
Meus caros(as), uma vez perguntei-vos se se sentiam preparados para o futuro. Por certo, recordam-se da risada que a pergunta provocou em pleno Conselho Geral. Pois bem, durante anos denunciei as atrocidades cometidas à classe, muitas com direito a artigos de opinião no pasquim de Firmino Marques com grande destaque, como se pretendessem dizer, estamos atentos aos problemas da classe. Mas o vosso silêncio continua a ser ensurdecedor. Ainda há muito trabalho pela frente:
1 - O trabalho extraordinário não pago - 2 - Rescisões Mutuo Acordo/Suspensão Contrato de Trabalho - 3 - A disfunção das carreiras profissionais - 4 - O não pagamento do subsídio de caixa - 5 - A proibição do gozo das folgas acumuladas devido ao pouco trabalho extraordinário pago - 6 - O assédio moral - 7 - Atribuição de objetivos de uma forma cega, em que são os colegas que entre eles fazem uma vaquinha para comprarem produtos que não conseguem vender a clientes - 8 - A coação exercida sobre as grávidas - 9 - A necessidade da renovação dos quadros sindicais - 10 - Sindicato e SAMS único - 11 - O n.º excessivo
(vinte e um) de elementos afetos à direção para gerir pouco mais de cinco mil associados no ativo - 12 - A ausência nos locais de trabalho dos eleitos a tempo inteiro (quer na direção, comissões sindicais de delegação e de empresa), cujo vencimento ou complementos são pagos com o dinheiro das nossas cotizações - 13 -Contribuição financeira do SBN para a UGT - 14 - Fundos de Pensões - 15 - Abertura da caixa de pandora, com o acordo de memorando sobre a recapitalização do BCP, pelos seus trabalhadores - 16 - ACT Grupo Montepio e o aumento da idade para a reforma - 17 - Do trabalho que a CS de Reformados
deveria desenvolver em prol dos bancários mais necessitados, coordenados pela assistente social e direção do SBN - 18 - Do pagamento escandaloso (porque
somos solidários) de ajudas de custo aos sindicalistas eleitos pelas tendências TSS, TSD, TIDC e aos expulsos para participarem em manifestações do 1.ºde Maio da UGT em Lisboa e até Bruxelas, onde a benesse iguala o salário mínimo nacional de muitos dos portugueses que trabalham de sol a sol, etc.,
Estas minhas preocupações, por certo serão as vossas durante a campanha ou manifesto eleitoral, mas só durante esse período apenas e só até às próximas eleições, como quem diz daqui até quatro anos.
O vosso ensimesmamento tem provocado um desencanto generalizado nos associados, daí a dificuldade em constituírem listas para os diversos órgãos sociais do sindicato, como reconhecimento da intensa atividade sindical/negocial, "os bancários só têm o que merecem" como diz Mário Mourão, coordenador dos TSS e presidente do SBN.
Meus caros, de nada valeu decretarem tolerância zero, ameaçando a retirada dos tempos inteiros. Foram mais lestos ao darem mais uma oportunidade aos eleitos pela TSS, TSD, TIDC e expulsos TSD´s, que se encontram debaixo do vosso chapéu; eleitos esses que não justificam o 1% que os associados descontam do seu vencimento para a atividade sindical. Sim, porque com a vossa tolerância passam a ter mais tempo para:
a) irem ao ginásio durante o dia - gabando-se com a publicação de fotos no Facebook, Instagram, Tumblr - b) para se dedicarem à gestão de empresa - c) para se dedicarem à comercialização de cosmética - d) para apitarem mais jogos de basquetebol - e) treinar futebol - f) para jogarem ao King e Sueca - g) para tirarem licenciaturas - h) editarem livros ou realizarem outras atividades, etc.. Tudo isto sem congelamentos e cortes no vencimento, porque o SBN é uma instituição idónea e faz questão de pagar atempadamente "o salário, os passes de rede geral, o subsídio de caixa e teleprocessamento, subsídio de turno etc." aos seus trabalhadores.
Meus caros, aquando da revisão dos estatutos do SBN, poderiam ter resolvido de vez a questão do Sindicato e SAMS Único. As desculpas usadas pelos dirigentes do SBN são que o SBC & SBSI estão "falidos", numa tentativa de - como se diz na gíria- "deitar a mão na massa". Todos nós sabemos que a saída de associados para o SNQTB se deve ao secretismo das tabelas de comparticipação do SAMS e não à reestruturação da banca, como quer fazer crer Mário Mourão na Nortada; preferem é fazer orelhas moucas aos apelos da classe.
Em tempos de crise ainda existe quem tenha motivos para sorrir, veja-se o coordenador da Estrutura Sindical, que de um momento para o outro se viu confrontado com excesso de mão de obra "muita dela de qualidade duvidosa", porque essa só está disponível de quatro em quatro anos, não com o objetivo de dignificar o trabalho e ação sindical, mas sim com o de garantir um lugar na direção ou nas estruturas sindicais de forma a fugirem do local de trabalho.
Estas missões suicidas perpetradas por comandantes e obreiros do SBN, com recurso a dirigentes das comissões políticas distritais, pressionam os militantes a serem candidatos ou coagidos a abdicarem de outras candidaturas. Entram a correr para logo fugirem: sem qualquer preocupação em explicar ao que vão e ao que pretendem, demonstrando falta de zelo e respeito para com os colegas/associados, o trabalho em execução ou até mesmo com o cumprimento do ACT.
Meus caros(as), o vosso comportamento umbilicista paga-o caro a classe bancária. Andaram quatro anos para negociar um mau Acordo Coletivo de Trabalho, porque vocês pertencem a uma outra classe, a única que beneficiou com o acordado. Agora percebe-se o silêncio do presidente Mário Mourão e dos vice-presidentes Alfredo Correia, Paulo Coutinho e Guerra da Fonseca, ao não convocarem a comissão aprovada por unanimidade em Conselho Geral para acompanhar as negociações do ACT, subscrito em setembro de 2016 e os Acordos de Empresa de 2017. Agora percebe-se o porquê.
Os milhares de quilómetros já percorridos desde novembro com recurso ao aluguer de viaturas e cujo valor será posteriormente pago pelo SBN, demonstram a vitalidade e os objetivos impostos aos novos e velhos bancários-carteiros, que de porta em porta se disponibilizam para concorrer com os CTT, alegando ser mais cómodo para os associados, mesmo para aqueles que já abandonaram o SBN e são aliciados para votarem por correspondência.
Atendendo que nenhuma das tendências "TSS, TSD, TIDC e os Expulsos" tiveram o cuidado de renovar "com qualidade" os seus quadros sindicais, os bancários no próximo dia vinte de abril vão eleger um Conselho Geral sem Oposição e por falta de renovação, sem Opinião.
Este é, e será, o grande paradigma dos velhos e novos dirigentes sindicais e da classe. Os problemas dos bancários não são as diferenças de opinião, são as guerras pelo poder interno no seio dos órgãos (SBN e FEBASE) da UGT.
Por muito que nos custe a assumir, esta geringonça TSS, TSD, TIDC e os expulso, é a mesma que em 2010 reclamou aumentos salariais de 5% devido à ausência prolongada do local de trabalho e à falta de realização dos trabalhos de casa. Para eles, a banca continuava a apresentava lucros fabulosos enquanto os Bancários de Portugal diziam que estava na altura de trocar aumentos salariais pela manutenção dos postos de trabalho e o que nos aconteceu?
Mais austeridade - em nome da estabilidade do país.
Mais rescisões por Mutuo-acordo - em nome da estabilidade da banca e do país.
Mais retirada de direitos - em troca de tempos inteiros para os dirigentes sindicais.
Mais empobrecimento - porque nenhum dirigente sindical teve a coragem e a preocupação de levar ao parlamento os problemas que há muitos anos afetam a
banca, permitindo que sejam sempre os mesmos a pagar os erros de gestão dos banqueiros e das politicas levadas a cabo pelos sucessivos governos.
O vosso autismo levou à transferência dos fundos de pensões para a segurança social, na expetativa que estes seriam devolvidos ao fim de dez anos.
Se não forem encontradas alternativas de financiamento e funcionamento, a vossa falta de visão levará à extinção do SAMS. Quando morrer o último bancário admitido ao abrigo da ex-CAFEB, os banqueiros deixarão de contribuir para o subsistema de saúde dos bancários.
Estamos cansados de tantas ações de divisão desencadeadas por lutas de poder.
A classe está farta de tamanha insensatez e narcisismo doentio do vosso sindicalismo, ou melhor, estamos perante uma preocupante "obesidade mental" que precisamos queimar, já que no teatro da luta pelo poder vocês são todos formados em artes cínicas.
Não se esqueçam que só existem dois dias no ano em que nada pode ser feito. Um chama-se ontem "em que todos nós cometemos erros, só que uns
têm mais dificuldades que outros em os reconhecer" e o outro se chama amanhã. Portanto, hoje é o dia certo para redefinir o rumo do nosso sindicato, acreditando que ainda é possível inverter este ciclo que nos é desfavorável convosco à frente dos nossos destinos.
Meus caros, o único subsídio que estou disponível para abdicar é o da aleitação, sabem porquê...
"Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".
Dom Hélder Câmara
Mário Alves - 05mar2017